Jacques-Louis David, O juramento dos Horácios, 1784

  • Biografia do Artista
  • Contextualização Histórico-cultural
  • Identificação da obra
  • Análise Temática
  • Análise Técnico-formal
  • Leitura de Significados

Biografia

Nasceu em Paris em 1748 e foi um pintor representante do Neoclassicismo.

Jacques-Louis David, Autorretrato, 1794

David é entregue pela mãe aos tios maternos que lhe proporcionaram uma educação, após a morte do seu pai, mas, o fato de sofrer de um tumor na face, condicionando-lhe a fala, levava-o a desenhar. Contrariando os desejos da sua mãe, em ser um arquiteto ou advigado, foi colocado no estúdio do pintor Joseph-Marie Vien, um dos mais célebres pintores do seu tempo. Aos 18 anos, David entrou para a Academia Real de Pintura e Escultura (França) porém, a falta de reconhecimento levou-o a tentar o suicídio, pela fome. Só em 1774, já com 26 anos, conseguiu uma bolsa da Academia (prémio de Roma), assegurando-lhe uma estadia em Itália durante cinco anos e também encomendas de trabalho sendo influenciado pelas escolas italianas de Caravaggio, Nicolas Poussin e de Bolonha.

Estudo preparatório para o juramento dos Horácios.

Ao regressar a Paris a pintura de J.-L. David é elogiada por Diderot (um dos autores da Enciclopédia). O sucesso foi tão estrondoso que o rei Luís XVI da França permitiu que ele ficasse alojado no Louvre, um antigo privilégio muito desejado pelos artistas. Aqui conhece a filha do administrador do Palácio, com quem casa em 1782. O rei encomenda ao pintor, uma obra com a intenção de que fosse uma alegoria sobre a lealdade ao estado e, portanto, ao monarca – O Juramento dos Horácios. Em 1784 regressa a Roma para pintar o quadro, alegando ao rei que só em Roma poderia pintar romanos. Foi a sua primeira obra-prima.

A morte de Sócrates, 1787
A morte de Marat, 1793

As suas obras posteriores são comparadas a Miguel Ângelo e Rafael: A Morte de Sócrates” e “Os Litores trazendo a Brutus os corpos de seus filhos” (1789).

Durante a Revolução Francesa J.-L. David é apoiante da fação mais radical e amigo de Robespierre. Eleito para a Convenção Nacional foi o organizador das Festas Cívicas durante a Revolução. O seu momento mais marcante foi quando reproduz em tela A morte de Marat. A morte de Robespierre na guilhotina leva o pintor à prisão. onde pinta o seu autorretrato (1794).

Após ser liberto abandonou a atividade política, dedicando-se ao ensino. Em 1799 apresenta «As Sabinas», uma alegoria à reconciliação dos franceses após a revolução.

Rapto das Sabinas, 1799
A coroação de Napoleão, 1805-07

Após Napoleão Bonaparte tomar o poder em França, usa David para seu benefício, fazendo-o pintar alguns quadros (“A coroação de Napoleão”, 1805). Com a queda de Napoleão e a restauração da Dinastia dos Bourbons, David exilou-se em Bruxelas onde pintou retratos e temas mitológicos. Morreu em 1825.

David foi responsável pela formação de uma geração de pintores, a quem afirmava que o contorno era a base da arte influenciando a arte ao longo do séc. XIX.

Contextualização Histórico -Cultural

A obra foi realizada apenas cinco anos antes da Revolução Francesa, inserindo-se assim no Antigo Regime, durante a monarquia absoluta (reinado de Luís XVI). O descontentamento com a sociedade de ordens e com a crise económica levou à propagação dos ideais iluministas da liberdade, igualdade, fraternidade e da busca da felicidade, ideais estes que o autor, Jacques-Louis David, apoiava.

Identificação da obra

Jacques-Louis David, O Juramento dos Horácios, 1784, óleo sobre tela, 330 x 425 cm, Museu do Louvre, Paris

Análise Temática

Desenho realizado por David, representando o episodio da morte por Horacio da sua irmã, não realizado na pintura

É representado um tema histórico. A cena ocorre na Roma Antiga, durante uma guerra entre Roma e Alba Longa. Para evitar perdas excessivas em ambos os lados, as duas cidades decidiram que o resultado da guerra seria decidido por apenas seis guerreiros, três de cada cidade. De Roma, os irmãos Horácios e de Alba Longa, os irmãos Curiácios. Roma sai vencedora, contudo com a sobrevivência de apenas um dos Horácios. A irmã deste, Camila, estava noiva de um dos Curiácios e, quando chora a morte do seu noivo, é morta pelo próprio irmão, por chorar um inimigo de Roma. Sabina, irmã dos Curiácios, era casada com um dos Horácios, e tinha com ele dois filhos, e chora também o marido.

Análise técnico-formal

Linha intermédia: contraste entre as linhas retas das figuras masculinas e as curvas das femininas.

A obra insere-se no estilo Neoclássico, sendo assim marcada pela racionalidade e pela composição rigorosa e geométrica. O quadro divide-se em três partes, definidas pela arquitetura clássica (os três arcos de volta perfeita, com  colunas da ordem toscana). No primeiro retângulo, os três Horácios, inseridos em triângulos formados pela posição das pernas. No segundo, o pai, inserido também num triângulo. Os quatro homens estão em posições rígidas e poderosas (os irmãos recebem as espadas do seu pai), formando um retângulo entre si. No terceiro retângulo, as mulheres e as crianças estão sentadas e curvadas, demonstrando fraqueza e vulnerabilidade.

Ponto de fuga

Seguindo os ideais clássicos, é valorizada a perfeição técnica e o rigor, nomeadamente na perspetiva (sendo que o ponto de fuga se encontra no centro do quadro, atrás da figura do pai) e na modelação anatómica e das vestes das figuras. As figuras seguem também os cânones clássicos. As cores são sóbrias, destacando-se o vermelho das vestes e o seu contraste com o branco. As figuras destacam-se da escuridão do fundo, sendo que dois dos irmãos, a sua mãe e as crianças se encontram na penumbra, e a luz incide nas restantes figuras. Estes focos de luz, juntamente com as posições rígidas e heroicas, dão um caráter teatral à cena.

Análise de significados

Os três irmãos irão representar Roma e assegurar a sua sobrevivência frente a Alba Longa. O caráter heroico dos homens contrasta com a vulnerabilidade das mulheres, que choram os seus filhos, maridos e noivos. Camila (irmã dos Horácios e noiva de um dos Curiácios), vestida de branco para simbolizar a sua virgindade, será posteriormente assassinada pelo seu irmão por chorar o inimigo. O irmão será libertado graças ao testemunho do seu pai, que afirma que a filha merecia morrer por colocar a sua felicidade pessoal à frente dos interesses de Roma. Assim, a obra transmite já os ideais da Revolução Francesa que estaria para vir. Destaca-se a honra e o amor à Pátria acima de tudo o resto. A perfeição é simbolizada através do número três: três irmãos, três espadas, três mulheres, três arcos.

Joana Godinho (11º E) no âmbito da disciplina de História da Cultura e das Artes.

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